O Que Faz Você Evoluir de Verdade na Programação (e Não É Só Código)

Published on August 12, 2025

Se você acompanha o mundo da programação pelas redes sociais, já deve ter visto a cena: café quentinho, notebook aberto num lugar aconchegante, alguém digitando concentrado e escrevendo no LinkedIn que “a jornada é linda”.

Mas a vida real não é bem assim. No dia a dia, tem código quebrando às 2h da manhã, cliente ansioso, reunião urgente e aquele bug misterioso que só aparece em produção.

E é nesse choque entre a imagem idealizada e a realidade que muita gente desanima. Porque aprender sintaxe e decorar comandos é fácil. O difícil é encarar problemas de verdade, lidar com a pressão, trabalhar com pessoas diferentes e continuar evoluindo mesmo quando ninguém está te guiando.

Se você está começando agora, quero compartilhar o que realmente faz diferença para crescer na programação e não é só escrever código.

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Aprenda a mergulhar de verdade num problema

Quando você mergulha, não é só sobre encontrar a solução mais rápida. É sobre investigar com profundidade, como um detetive que não se contenta com a primeira pista.

Resolver problemas é a essência da programação — mas resolver certo é a marca do profissional que cresce.

No clássico The Pragmatic Programmer, Andrew Hunt e David Thomas escrevem:

“Care about your craft.” — Se importe com o seu ofício.

Isso significa que não basta “fazer funcionar”. É preciso entender o porquê e garantir que a solução seja sólida, sustentável e atenda à real necessidade do negócio.

Se você trabalha num sistema crítico, como um core bancário, não basta corrigir o erro que aparece na tela. Você precisa entender o contexto completo:

  • O que o código faz

  • Por que ele existe

  • Quais regras de negócio ele atende

  • E qual o impacto se algo for alterado

Quando um fluxo de autorização de API não está funcionando, por exemplo, não adianta só tentar “reiniciar e ver se funciona”. É preciso seguir um raciocínio estruturado:

  1. Entenda o problema claramente

    • Reproduza o cenário.

    • Veja exatamente quando e como o erro ocorre.

    • Documente qualquer padrão que perceber (horário, tipo de requisição, usuário específico).

  2. Valide as hipóteses mais prováveis primeiro

    • No caso de autorização: verifique roles e claims do usuário.

    • Confirme se estão corretos e se o mapeamento na API está aderente à regra de negócio.

  3. Vá para a camada seguinte

    • Se as roles estão certas, investigue as secrets, tokens ou certificados.

    • Valide se o processo de autenticação está gerando credenciais válidas.

  4. Amplie a investigação

    • Será que a API está, de fato, autenticando corretamente?

    • Há problemas de integração entre serviços?

    • O gateway ou proxy está alterando algo na requisição?

  5. Conecte o técnico ao negócio

    • Não olhe só para o código: pergunte o que acontece com o usuário final se isso falhar.

    • Em um core bancário, por exemplo, uma falha de autorização pode bloquear movimentações financeiras ou impedir um cliente de pagar uma conta e isso muda a prioridade da correção.

  6. Valide a solução antes de comemorar

    • Teste em diferentes cenários.

    • Verifique se não introduziu regressões.

    • Confirme se atendeu não só à parte técnica, mas à necessidade de negócio.

Resolver rápido é habilidade.
Resolver certo, entendendo todo o impacto, é maturidade.

💡 Próximo passo para você aplicar: na sua próxima demanda, ao invés de pular direto para “codar a solução”, siga essa sequência:

  • Reproduzir o problema

  • Levantar hipóteses

  • Validar camada por camada

  • Conectar ao impacto de negócio

  • Testar de forma abrangente

Esse hábito vai treinar seu raciocínio lógico, reduzir erros futuros e, acima de tudo, mostrar que você é mais do que um executor de tarefas você é alguém que entende o todo e resolve de forma definitiva.

Por que vale a pena praticar isso todos os dias

Quando você se acostuma a reproduzir o erro, ler os logs, criar hipóteses, testar e confirmar o porquê da solução funcionar, algo muda no jeito como você enxerga programação.

Não é só sobre “resolver o bug”. É sobre construir uma confiança sólida no seu próprio raciocínio. Porque, no início da carreira, é normal sentir que você está sempre correndo atrás, apagando incêndio e copiando soluções de outros. Só que, quando você começa a seguir esse processo com consciência, você passa a perceber padrões, entender as causas reais e não apenas os sintomas.

Isso te dá algo que ninguém tira: autonomia.
Você para de depender do “cara sênior” para confirmar se está no caminho certo. E mais do que isso, começa a tomar decisões com mais segurança, porque sabe explicar o que fez, por que fez e quais seriam as consequências de ter escolhido outro caminho.

Praticar esse hábito é como treinar um músculo. No começo, pode ser cansativo e até frustrante. Você olha para os logs e não entende nada. Roda o teste e ele falha de novo. Mas, a cada vez que você insiste, está desenvolvendo não só habilidade técnica, mas a sua capacidade de pensar como um solucionador de problemas.

E essa é a diferença que o mercado percebe. Código qualquer um pode escrever, ainda mais hoje, com IA pronta para te entregar uma função em segundos. Mas pensar, investigar, ligar os pontos e entender o porquêisso é o que te coloca em outro patamar.

Quando você sabe explicar, com clareza, como chegou na solução, você não só ganha o respeito do time, como se torna aquela pessoa que transmite confiança. E, no mundo real, confiança é tão valiosa quanto competência técnica.

Foque nos fundamentos, não só no hype 👀

Frameworks mudam. O hype muda. Os fundamentos não.

No início da carreira, é quase inevitável: você vê um novo framework surgindo, um repositório popular no GitHub, alguém no LinkedIn dizendo que “essa tecnologia é o futuro”, e sempre tem gente que corre para aprender. Não há nada de errado em explorar novidades. Aliás, curiosidade é essencial.

O problema começa quando essa curiosidade substitui o aprendizado da base. Você passa a acumular “atalhos” e truques de ferramentas, mas não constrói entendimento profundo sobre como as coisas realmente funcionam.

No The Pragmatic Programmer, Andrew Hunt e David Thomas reforçam que o programador deve ser um aprendiz contínuo, mas com os pés firmes nos fundamentos. E é aí que muita gente tropeça: pular fundamentos é ganhar velocidade agora para perder capacidade depois.

O perigo da falsa segurança

Quando você domina um framework sem entender os conceitos por trás dele, sente que está produzindo muito. É como dirigir um carro automático sem nunca ter entendido como funciona a marcha até o dia em que o câmbio dá problema e você não sabe nem sair do lugar.

No código, isso significa que, quando precisar resolver um problema que não se encaixa no modelo do framework, você trava. E frameworks, inevitavelmente, vão te colocar nessa situação. Mais cedo ou mais tarde, você vai encontrar algo que não está no tutorial.

O que acontece então?

  • Você depende de outro desenvolvedor para resolver

  • Perde dias pesquisando, sem saber por onde começar

  • Ou cria uma gambiarra para “funcionar”, mas que quebra em outra parte do sistema

Essa dependência é o que impede muitos devs de subirem para pleno ou sênior, mesmo depois de anos de experiência. Não é que falte prática — falta base sólida.

O que são fundamentos de verdade

Fundamentos não são “dicas de sintaxe” ou “atalhos de produtividade”. São conceitos que atravessam linguagens e tecnologias:

  • Estruturas de dados: listas, filas, pilhas, árvores, hash maps — e quando usar cada uma. Não precisa ser um mestre nisso… mas precisa entender os fundamentos de cada uma.

  • Algoritmos: busca, ordenação, recursão, divisão e conquista, e o impacto na performance.

  • Complexidade de tempo e espaço: entender o custo de cada abordagem.

  • Protocolos de rede: HTTP, WebSockets, gRPC, segurança, autenticação.

  • Banco de dados: relacionais, NoSQL, índices, normalização, transações.

  • Arquitetura de software: camadas, responsabilidades, acoplamento, coesão.

Com isso na sua bagagem, qualquer framework se torna apenas uma ferramenta, e não a sua única forma de pensar.

Como trazer fundamentos para o seu dia a dia

Não espere “o momento perfeito” para estudar fundamentos. Traga-os para o seu trabalho agora:

  • Está criando uma API? Entenda como funciona o protocolo HTTP e não apenas como o framework define as rotas.

  • Está salvando dados? Saiba como o banco organiza as informações internamente e como isso afeta consultas.

  • Está otimizando código? Meça a complexidade de tempo e descubra onde está o gargalo real.

Quando você entende a base, você deixa de ser refém de tecnologia e começa a usar tecnologia como extensão do seu raciocínio.

E no dia em que o framework sair de moda, e ele vai, você não vai precisar recomeçar do zero. Vai apenas adaptar ferramentas novas ao mesmo conhecimento sólido que construiu.

Ferramentas passam. Fundamentos ficam. E quem domina fundamentos nunca fica para trás.

Comunicação é uma skill essencial 🗣️

Saber programar bem é ótimo. Mas, no mundo real, não basta. Você pode escrever o código mais limpo e eficiente da sua vida, mas se não souber explicar o que fez, por que fez e quais impactos isso tem, vai se tornar um gargalo no time.

A palavra comunicar vem do latim communicare, que significa “tornar comum”. É pegar algo que está na sua cabeça, um pensamento, uma informação, uma conclusão e transferir para outra pessoa de forma que ela entenda como se tivesse sido ela a pensar. Isso é muito mais do que simplesmente “falar” ou “escrever”.

Falar é emitir som. Escrever é colocar palavras no papel ou na tela.
Comunicar é garantir que a outra pessoa realmente entendeu o que você quis dizer, no tempo certo, com clareza e sem espaço para interpretações perigosas.

Muitos desenvolvedores confundem essas coisas. Acham que “comunicaram” só porque mandaram uma mensagem no chat da equipe ou comentaram algo rapidamente numa call. Mas se a outra pessoa não compreendeu — ou se entendeu de forma errada — não houve comunicação, houve apenas transmissão de palavras.

E é aqui que entra a parte crítica: projetos raramente falham por causa de código ruim. Eles falham porque uma informação vital ficou presa na cabeça de alguém, foi dita tarde demais ou foi dita de forma tão confusa que gerou decisões erradas.

Imagine isso: você está trabalhando numa integração com um serviço externo e, no meio do caminho, descobre que a API do fornecedor vai mudar o formato de resposta na próxima semana.

Você poderia pensar: “Ok, vou adaptar meu código e depois avisar”.
Mas enquanto isso, outro desenvolvedor do seu time está criando funcionalidades que dependem exatamente daquele formato antigo. Quando a mudança é “comunicada”, já existem dias de trabalho prontos… e agora eles vão para o lixo.

O problema não é só o retrabalho é a confiança que se perde. Times que se comunicam mal vivem no modo “apagar incêndio” e raramente conseguem ser estratégicos.

Comunicar bem começa antes de abrir a boca. É investigar e entender o que você precisa dizer. É confirmar que você sabe exatamente qual é o problema ou a decisão a ser tomada. É pensar em quem precisa dessa informação e como ela vai usá-la.

E aqui está outro ponto essencial: adapte a mensagem ao público.

  • Se for para o time de negócio, fale em impacto e consequências.

  • Se for para outro desenvolvedor, explique o que já foi testado, o que está descartado e qual é a próxima hipótese.

  • Se for para um líder, vá direto ao ponto do que precisa ser decidido ou aprovado.

No fundo, comunicação eficaz é clareza + contexto + momento certo. É reduzir atrito e eliminar ruídos antes que eles virem problemas caros.

E sim, isso é treino. No começo, você pode se sentir repetitivo ou achar que está gastando tempo demais explicando. Mas, com o tempo, você aprende a calibrar a quantidade de informação e o nível de detalhe para cada situação.

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Ajuste o canal à urgência e à complexidade

Nem toda mensagem nasceu para o chat. E nem toda decisão importante deveria ser tomada por e-mail. Escolher o canal errado para a urgência e complexidade do assunto é um dos erros mais comuns em times de desenvolvimento — e um dos que mais atrasam projetos.

Pensa comigo:
Você descobre um problema que pode parar o deploy de amanhã. É urgente. É crítico. Mas, em vez de falar diretamente com a pessoa responsável, você escreve uma mensagem no Slack e vai embora para o almoço.

Quando volta, percebe que a pessoa ainda não leu, ou pior — leu, mas não entendeu a gravidade. Resultado? O problema continua vivo e agora o prazo estourou.

O contrário também acontece: você agenda uma reunião de uma hora para discutir algo que poderia ter sido resolvido em três mensagens no chat. E agora dez pessoas perderam uma hora de trabalho produtivo.

O canal é parte da comunicação.

  • Se o assunto é urgente e decisivo, escolha algo síncrono: uma call rápida, uma conversa cara a cara, até um áudio (curto e claro).

  • Se é complexo, mas não urgente, opte por algo assíncrono que permita registrar e organizar a informação: documento compartilhado, e-mail bem estruturado, issue detalhada no GitHub ou Jira.

  • Se é simples e rápido, o chat resolve — mas garanta que a mensagem não se perca no meio de memes e notificações de build.

E aqui vai o ponto-chave: o tempo entre a descoberta de uma informação e o momento em que ela chega a quem precisa agir sobre ela pode definir o sucesso ou fracasso do seu trabalho.

No fim, comunicar não é só dizer as coisas certas é dizer do jeito certo, para a pessoa certa, no canal certo e no momento certo.

💡 Tudo o que você leu aqui não é só “boa prática de soft skill”, são dicas reais para fazer sua comunicação ser clara, objetiva e humana. Porque no fim das contas, programação é feita por pessoas, para pessoas. E, se as pessoas não se entendem, o código não importa.

Saiba escutar (de verdade) 👂🏻

Comunicar bem é essencial para qualquer desenvolvedor. Mas existe outra habilidade, igualmente poderosa, que muita gente negligencia: escutar.

E aqui não estou falando de “ficar quieto enquanto o outro fala”.
Estou falando de realmente processar o que está sendo dito, confirmar se entendeu e responder de forma consciente.

Escutar de verdade exige presença. Exige atenção. Exige abrir mão, por alguns minutos, da vontade de provar seu ponto, corrigir o outro ou já pensar na sua resposta enquanto ele ainda está falando.

O problema é que muita gente não faz isso. E as consequências, especialmente em projetos de software, são enormes.

Quando você não escuta…

Você corta seu colega no meio da explicação.
Talvez sem perceber, você passa a mensagem: “O que você tem para dizer não é tão importante quanto o que eu já sei”. Isso mina a confiança e faz as pessoas falarem menos com você no futuro — inclusive sobre problemas críticos que precisariam da sua atenção.

Você tira conclusões precipitadas.
A pessoa ainda está no meio da frase e você já decidiu que entendeu tudo. Mas não entendeu. E agora está implementando uma solução para um problema que não existe, ou, pior, ignorando um detalhe que muda tudo.

Você finge que ouviu.
Acena com a cabeça, diz “ok” e volta para o que estava fazendo. Horas depois, quando algo quebra, você percebe que perdeu instruções importantes porque estava distraído. O custo? Retrabalho, estresse e credibilidade abalada.

Você transforma conversas em disputas.
Ao invés de ouvir para compreender, você ouve para responder — esperando o momento certo de contra-argumentar. Isso transforma discussões técnicas em batalhas de ego, onde o objetivo deixa de ser resolver o problema e passa a ser “ganhar” a conversa.

O que escutar de verdade muda

Quando você ouve com atenção, o outro percebe. Isso muda a dinâmica da relação:

  • As pessoas sentem que podem falar com você sem medo de serem cortadas.

  • A troca de informações fica mais precisa.

  • Detalhes importantes — que normalmente passam despercebidos — aparecem e evitam problemas futuros.

Muitas tretas técnicas são resolvidas antes de virarem bugs só porque alguém parou para ouvir a explicação completa. Às vezes, a solução não está no código, mas na clareza que vem de um diálogo bem conduzido.

💡 Dica prática: da próxima vez que receber uma explicação, não tenha pressa de responder. Repita com as suas palavras o que entendeu:

“Então, pelo que você disse, o problema começa quando a API retorna esse status, e isso afeta apenas os pedidos feitos no fluxo X, certo?”

Isso tem dois efeitos imediatos:

  1. Mostra para a outra pessoa que você realmente ouviu.

  2. Dá a ela a chance de corrigir ou confirmar sua interpretação antes que você siga na direção errada.

Escutar de verdade pode parecer simples, mas é uma disciplina. É algo que você precisa praticar todos os dias. Porque, no fim, não é só sobre “entender o outro” mas é sobre criar um ambiente onde todos se sentem seguros para colaborar. E, em desenvolvimento de software, times que escutam melhor, entregam melhor.

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Inteligência emocional é tão importante quanto código limpo

Você pode dominar arquitetura hexagonal, escrever testes impecáveis, seguir todos os princípios SOLID… mas, se não souber lidar com pressão, conflitos e frustrações, vai chegar um momento em que o código não será o seu maior problema… será você mesmo. 🤷🏻‍♂️

Porque a vida real como desenvolvedor não é feita só de lógica e pull requests.
Você vai receber feedbacks duros, ver seu trabalho ser rejeitado, lidar com prazos insanos e trabalhar com pessoas muito diferentes de você. E, em alguns casos, tudo isso no mesmo dia. 😂

A inteligência emocional é o que vai te permitir passar por essas situações sem se quebrar no processo. 🙃

Quando você não controla suas emoções, o código sofre

Pensa nesse cenário:
Você passou dias desenvolvendo uma feature complexa. Entrega o PR, orgulhoso. No dia seguinte, recebe um review cheio de comentários: “isso não segue o padrão”, “esse teste não cobre o cenário crítico”, “esse método está acoplado demais”.

Se sua reação é ficar na defensiva, bater boca ou retrucar na hora, duas coisas acontecem:

  • Você perde a chance de aprender com o feedback.

  • Cria tensão com o time, que começa a evitar apontar melhorias para não “arrumar briga”.

  • Ou pode ser visto como um profissional dificil de trabalhar e colaborar em um time! O que é péssimo para sua carreira!

Agora, imagina isso acumulando. O resultado é um código cada vez mais vulnerável e um clima cada vez mais pesado.

Inteligência emocional no dia a dia

Ter inteligência emocional não significa aceitar tudo calado. Significa escolher como responder. É entender que uma crítica ao código não é um ataque pessoal. É separar o “o que foi dito” do “como eu me sinto com isso”.

Também significa lidar com a pressão sem entrar em pânico.
Um prazo apertado não é convite para codar de forma irresponsável. É hora de negociar, priorizar e, se preciso, explicar para o negócio o impacto de cortar testes ou pular revisões.

E é saber conviver com diferentes perfis de pessoas. Vai ter o colega detalhista que questiona tudo, o apressado que quer “resolver logo”, o líder que muda de ideia no meio do caminho. Se você não souber se adaptar sem perder a calma, vai viver mais exausto do que produtivo. É preciso saber filtrar bem!

Não é só sobre aguentar — é sobre não desanimar

Inteligência emocional também é entender que você está dando seus primeiros passos nessa profissão cheia de desafios.
Vai errar. Vai receber críticas. Vai se frustrar. Mas cada situação é uma oportunidade de absorver o melhor, aprender e seguir evoluindo um passo de cada vez.

Parte dessa maturidade é criar conexões com pessoas que realmente querem te ajudar a melhorar, que sabem dar feedback construtivo e respeitoso, e que se importam com o seu crescimento.

Essas relações não só fortalecem sua carreira, como também te protegem nos dias em que o peso do trabalho parece maior que a vontade de continuar.

Um hábito simples que muda tudo

💡 Quando receber um feedback que não te agrada tanto, espere antes de responder. Esse espaço de tempo impede que você reaja na emoção, ajuda a filtrar o que é construtivo e te permite responder com objetividade. Na maioria das vezes, nesse intervalo, você já terá pensado em ajustes e até enxergado sentido no que foi dito.

No fim, código limpo mantém o sistema saudável, mas inteligência emocional mantém você saudável.

E, no mercado, não sobrevive só quem escreve bem — sobrevive quem sabe colaborar, lidar com pressão, aprender com cada desafio e não perder o ânimo no caminho.

Não dependa só da empresa para evoluir

Sua carreira é sua responsabilidade.
Se a empresa investir no seu crescimento, ótimo. Aproveite cada oportunidade. Mas, se não investir, você não pode usar isso como desculpa para ficar parado.

Nos primeiros meses, é normal absorver muito do ambiente de trabalho. As experiências do dia a dia, o contato com pessoas mais experientes, o envolvimento nos projetos — tudo isso é essencial para acelerar seu aprendizado.
Mas é aí que entra o cuidado: você precisa sentir se está realmente evoluindo ou se está apenas se acomodando.

Porque existe uma armadilha silenciosa no início da carreira: a zona de conforto.1
Quando a rotina fica previsível demais, quando você executa as mesmas tarefas sem novos desafios, quando percebe que os problemas que resolve hoje são os mesmos que resolvia seis meses atrás… é sinal de que algo está errado. Essa “estabilidade” pode até parecer boa no curto prazo, mas no longo prazo enferruja sua evolução.

O mercado de tecnologia muda rápido. Linguagens, frameworks, padrões de arquitetura, ferramentas de integração… tudo está em constante transformação.
Esperar que seu chefe ou seu time guiem seu aprendizado é o mesmo que esperar um ônibus que nunca foi anunciado: você fica parado, enquanto o resto do mundo continua em movimento.

Você precisa correr atrás.
Não é só ler artigos ou ver vídeos no YouTube — é praticar. É criar projetos próprios, explorar tecnologias que ainda não chegaram no seu trabalho, entender conceitos fundamentais que vão te acompanhar por toda a carreira.
Esse treino fora do ambiente da empresa é o que te dá liberdade para escolher caminhos, para se adaptar a mudanças e para não depender de ninguém para manter seu valor no mercado.

💡 Dica prática: separe pelo menos 3 horas da sua semana para aprender algo novo por conta própria, sem depender de demandas do trabalho. Pode ser um curso (de profissionais confiaveis!), um projeto pessoal, a leitura de um livro técnico ou a resolução de um problema real que você mesmo se propôs.

No fim, a empresa pode ser uma parte importante da sua formação, mas não pode ser a única. Invista no seu próprio crescimento desde o início — porque a carreira de um desenvolvedor não é uma estrada reta, é um caminho que você constrói enquanto caminha. Quem decide até onde você pode chegar não é a empresa. É você. 🫵🏻

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Conclusão

Começar na programação é empolgante, mas também é um território cheio de desafios invisíveis. Não basta saber código, é preciso mergulhar nos problemas, dominar fundamentos para não depender de modas, aprender a comunicar com clareza, escutar de verdade, cultivar inteligência emocional para enfrentar a pressão e, acima de tudo, entender que o seu crescimento é sua responsabilidade.

Nos primeiros anos, cada bug resolvido, cada feedback recebido e cada conversa com colegas é uma chance de se tornar melhor. Mas isso só acontece se você estiver atento, aberto e disposto a aprender.

As empresas podem oferecer experiência, mas a direção da sua carreira depende das escolhas que você faz fora do expediente: estudar, praticar, se conectar com pessoas que querem te ver crescer e não se acomodar.

A programação é uma maratona, não uma corrida de 100 metros.
E, como toda maratona, não se trata apenas de chegar ao fim, mas de chegar mais forte do que quando começou.

Se você aplicar esses pontos, vai perceber que não está apenas aprendendo a programar, está construindo uma base sólida para ser um profissional respeitado, adaptável e preparado para qualquer mudança que o mercado traga.

O código é importante, mas o profissional que você se torna ao escrevê-lo é o que realmente faz a diferença.

Fico por aqui! Obrigado por ler e até! 💪🏻🫱🏼‍🫲🏼

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Muita gente acha que a “zona de conforto” só aparece depois de anos no mesmo cargo, mas ela pode surgir já nos primeiros meses.

Isso acontece quando o iniciante, depois de passar pela fase inicial de adaptação e aprendizado intenso, se acostuma a executar sempre as mesmas tarefas, no mesmo fluxo, sem buscar novos desafios.

O que antes era novidade vira rotina, e essa rotina dá uma sensação enganosa de “segurança”, afinal, você está entregando o que é pedido e recebendo elogios.
O problema é que, se você não se expõe a problemas diferentes, tecnologias novas ou responsabilidades maiores, o aprendizado desacelera drasticamente. É como treinar sempre o mesmo músculo: no começo há evolução rápida, mas depois você estagna. E, no mundo da programação, estagnação significa ficar para trás.