
A Grande Diferença Entre Conhecimento e Sabedoria na Engenharia de Software
Adquirir conhecimento nunca foi tão fácil, não é verdade? Hoje, com tutoriais, vídeos no YouTube, cursos online e documentações detalhadas, qualquer pessoa — seja iniciante ou programador experiente — tem acesso às ferramentas necessárias para aprender e utilizar tecnologias específicas. Saber o que usar e para que serve uma tecnologia é algo relativamente simples.
Mas aqui está o ponto: há uma grande diferença entre saber algo e aplicá-lo com eficácia e sabedoria. Essa lacuna, muitas vezes ignorada, é o que define como tomamos decisões que realmente agregam valor e evitam complicações desnecessárias.
Vamos conversar muito sobre isso hoje!
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O Valor da Sabedoria em um Campo Repleto de Conhecimento
Antes de nos aprofundarmos na diferença entre conhecimento e sabedoria na engenharia de software, é importante entender o que essas palavras realmente significam. De acordo com o Oxford English Dictionary, “conhecimento” (knowledge) é definido como informação, fatos e habilidades adquiridos através da experiência ou educação; a compreensão teórica ou prática de um assunto. Já “sabedoria” (wisdom) é descrita como a capacidade de usar conhecimento e experiência para tomar boas decisões e julgamentos. Em outras palavras, enquanto o conhecimento é a base, a sabedoria é o que permite aplicar essa base de forma consciente e eficaz.
Uma frase popular captura essa diferença de maneira simples e irônica:
“Conhecimento é saber que tomate é uma fruta. Sabedoria é saber não colocá-lo em uma salada de frutas.” — Brian O’Driscoll.
Essa frase carrega uma verdade profunda que muitos relutam em aceitar: o conhecimento por si só não é suficiente, especialmente na engenharia de software. Você pode saber tudo sobre uma linguagem de programação, frameworks e padrões de design, mas, sem sabedoria, pode acabar aplicando essas ferramentas de maneira inadequada ou ilógica.
Quando trabalhamos com software, isso é particularmente crítico porque as decisões de hoje podem se transformar nos problemas de amanhã. Overengineering1, escolhas descontextualizadas ou a adoção de “modas” tecnológicas sem entender as necessidades reais são exemplos de como a falta de sabedoria pode prejudicar projetos. Saber usar uma tecnologia não significa saber quando e por que usá-la.
Sabedoria, por outro lado, envolve julgamento, boas decisões, bom senso (além de experiência, mas em breve vamos detalhar mais isso). Ela exige a capacidade de olhar além das ferramentas disponíveis e considerar o contexto, as necessidades do cliente, as restrições do projeto e os impactos a curto e longo prazo. É ela que permite evitar erros desnecessários, antecipar consequências indesejadas e construir soluções que realmente agreguem valor.
O maior desafio, no entanto, é que a sabedoria não pode ser adquirida com a mesma facilidade que o conhecimento. Enquanto o conhecimento pode ser obtido em cursos, livros com outros e etc, a sabedoria precisa ser cultivada dia a dia, muitas vezes a partir de experiências, aprendizados contínuos e reflexão profunda.
Com isso em mente, vamos explorar primeiro o que significa conhecimento na engenharia de software e como ele serve como a base para se alcançar a sabedoria.
Conhecimento na Engenharia de Software: A Base Técnica
Pare por um momento e pense: qual foi o último conhecimento que você adquiriu?
Pode ter sido algo aprendido em um livro, um curso, ou talvez durante uma conversa com um colega. Talvez tenha sido uma nova linguagem de programação, um framework ou até uma metodologia ágil que promete transformar a maneira como você trabalha. Agora, novamente reflita: você realmente sabe quando aplicar esse conhecimento e, mais importante, quando não aplicá-lo? Você consegue comunicar para outros como utilizar e o momento certo de utilizar aquele tecnologia? Sabe lidar com os trade-offs dela? Ou será que acredita que essa nova tecnologia, metodologia ou arquitetura é a resposta para todos os problemas?
Temos uma tendência quase irresistível de nos apaixonar por ferramentas, linguagens e metodologias. Gostamos de dominar frameworks, experimentar bibliotecas e conhecer padrões de design. Essa busca por aprendizado técnico é, sem dúvida, admirável. Afinal, o conhecimento é a base de qualquer carreira na engenharia de software. Porém, será que essa busca incessante nos leva automaticamente à sabedoria?
Muitos desenvolvedores ganham conhecimento, poucos ganham sabedoria. Essa é uma verdade desconfortável. O que diferencia um desenvolvedor excelente de um bom não é a quantidade de linguagens que ele conhece, mas sua habilidade de aplicar esse conhecimento no momento certo, no contexto certo e de maneira que beneficie o projeto e os envolvidos.
Aqui vale ressaltar: o conhecimento técnico é extremamente importante, e de forma alguma estou dizendo o contrário. Sem conhecimento, não há como alcançar a sabedoria. No entanto, o conhecimento é ilusório quando mal aplicado ou mal compreendido; ele pode nos fazer acreditar que estamos prontos para lidar com qualquer problema ou situação. Pior ainda, ele pode nos cegar para nuances, contextos ou desafios que não se encaixam perfeitamente nos moldes do que aprendemos.
Como bem disse Daniel J. Boorstin:
“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.”
Muitas vezes, adquirimos uma nova habilidade ou aprendemos sobre uma nova ferramenta e sentimos que temos todas as respostas.
Essa confiança excessiva pode ser perigosa, pois o verdadeiro domínio vai além do simples uso da tecnologia; ele reside em compreender quando, como e se ela deve ser usada.
As Limitações do Conhecimento Técnico Sem Aplicação Contextual
O conhecimento técnico, por mais valioso que seja, tem seus limites quando desconectado do contexto. Imagine alguém que aprende tudo sobre martelos e acredita que qualquer problema é, portanto, um prego. Assim como no velho ditado, quando sua única ferramenta é um martelo, todo problema parece um prego. No desenvolvimento de software, isso se traduz em decisões equivocadas, como:
• Adotar microservices para um projeto que não precisa deles.
• Insistir em práticas complexas quando a simplicidade resolveria.
• Implementar um framework avançado sem considerar a curva de aprendizado da equipe.
Sem sabedoria, o conhecimento pode levar a erros sérios:
• Overengineering
• Falta de visão a longo prazo: Focar em soluções imediatas sem pensar no impacto futuro.
• Escolhas tecnológicas descontextualizadas: Adotar ferramentas, linguagens ou frameworks populares sem avaliar se realmente atendem às necessidades do projeto.
• Rejeição ao feedback: Ignorar opiniões de colegas ou stakeholders, resultando em decisões baseadas em ego, e não necessidades reais.
Essas limitações não diminuem a importância do conhecimento técnico, mas reforçam a necessidade de equilibrá-lo com sabedoria. O conhecimento é uma ferramenta poderosa; no entanto, sem a sabedoria para aplicá-lo corretamente, ele pode se transformar em um obstáculo.
Sinais de Conhecimento Sem Sabedoria
Antes de mais nada, é importante ressaltar que este não é um ataque pessoal a ninguém. Reconhecer os sinais de conhecimento sem sabedoria é um convite à reflexão e ao crescimento. Como desenvolvedores, todos passamos por momentos em que nos apegamos ao conhecimento técnico sem a profundidade necessária para aplicá-lo de maneira efetiva. E tudo bem — o objetivo aqui é aprender a superar isso.
Mortimer Adler certa vez disse:
“A pessoa que diz que sabe o que pensa, mas não consegue expressar, geralmente não sabe o que pensa.”
Essa frase encapsula bem um dos sinais mais evidentes de conhecimento sem sabedoria: a incapacidade de explicar conceitos de forma clara e simples.
Desenvolvedores que acumulam conhecimento técnico, mas ainda não adquiriram sabedoria, frequentemente lutam para transmitir suas ideias de forma clara e compreensível. Eles podem conhecer os nomes das tecnologias e até saber utilizá-las na prática, mas muitas vezes lhes falta uma compreensão mais profunda sobre o que essas tecnologias realmente fazem, como funcionam e por que foram projetadas daquela maneira. Além disso, se não sabem os fundamentos da engenharia muitas vezes podem acabar esquecendo detalhes importantes que tem grande impacto!
Como Isso se Manifesta na Prática?
1. Dificuldade em Simplificar Explicações
• Quando tentam explicar uma solução técnica, usam jargões ou termos complexos que só confundem o público.
• As explicações se tornam longas, dispersas e carecem de estrutura lógica.
2. A Ilusão da Comunicação
• Falam muito, mas não dizem nada.
• Pulam de um ponto para outro sem conexão clara, deixando o público sobrecarregado e sem entender a mensagem principal.
• Como resultado, criam a ilusão de que a comunicação aconteceu, mas o público permanece confuso.
3. Não tem um foco
• Fornecem todos os pontos sobre um assunto, mas falham em destacar os pontos principais.
• Um desenvolvedor com sabedoria, por outro lado, oferece os pontos principais, de maneira clara e direta.
4. Inabilidade de Contextualizar Soluções
• Proporcionam respostas genéricas ou baseadas em tendências, sem considerar o problema específico que precisam resolver.
• Falham em adaptar suas explicações ao nível de conhecimento e às necessidades do público, resultando em desconexão e falta de entendimento.
5. Foco em Impressionar, Não em Comunicar
• Tentam exibir seu conhecimento técnico com explicações complexas ou exemplos excessivamente detalhados.
• Esquecem que o objetivo principal da comunicação é transmitir clareza, não impressionar os outros com o vocabulário técnico.
Richard Feynman2, físico renomado, explicou isso de forma brilhante:
“Se você realmente entende algo, você deve ser capaz de explicá-lo de uma maneira que uma criança de nove anos entenda.”
Essa ideia vai ao cerne do problema. Desenvolvedores que possuem apenas conhecimento técnico frequentemente não conseguem fazer isso porque sua compreensão é superficial. Eles têm um conhecimento que não foi profundamente explorado e, portanto, não conseguem explicá-lo de maneira simples.
A Importância de Analogias e Metáforas
Uma das formas mais eficazes de transmitir conhecimento técnico de maneira clara é usar analogias ou metáforas. Ao conectar conceitos técnicos com experiências ou ideias familiares ao público, você cria um atalho para o entendimento. Por exemplo:
• Explicar um firewall como uma “muralha que protege um castelo, permitindo a entrada apenas de visitantes confiáveis”.
• Descrever cache como “uma gaveta ao lado do seu computador onde você guarda coisas que precisa acessar rapidamente”.
Analogias ajudam porque utilizam o que alguém já sabe para explicar algo novo. Desenvolvedores que entendem profundamente um tópico conseguem fazer isso com facilidade. Aqueles que não conseguem tendem a se esconder por trás de explicações complicadas, muitas vezes refletindo sua própria falta de compreensão.
O Caminho para Adquirir Sabedoria
A sabedoria não vem apenas da ação, mas da reflexão sobre a ação. Fazer algo, falhar e corrigir são partes essenciais do aprendizado, mas é a análise do que deu certo ou errado que transforma essas experiências em conhecimento profundo.
Quando você para para refletir sobre suas decisões, começa a identificar padrões, entender contextos e evitar erros futuros. É essa reflexão que gera insights e permite que você compreenda algo de verdade. E sabe qual é o teste final dessa sabedoria? Conseguir explicar o que você aprendeu de forma simples e clara3. Se você realmente domina uma tecnologia ou ideia, deve ser capaz de comunicá-la sem confundir os outros, porque compreensão profunda sempre resulta em simplicidade.
Agora que identificamos os sinais de conhecimento sem sabedoria e discutimos a importância de simplificar, surge a pergunta: como desenvolvedores podem ir além do conhecimento e realmente alcançar sabedoria? Isso nos leva ao próximo tópico.
O Que São Decisões?
O Dicionário de Cambridge define decisão como “uma escolha que você faz sobre algo depois de pensar em várias possibilidades.” Isso significa que decidir vai além de simplesmente escolher; envolve reflexão, análise de opções e, idealmente, a busca pelo melhor caminho.
No nosso cotidiano, estamos constantemente tomando decisões — conscientes ou não. Desde a hora em que decidimos levantar da cama, o que comer ou como enfrentar os desafios do trabalho, estamos fazendo escolhas. Algumas dessas decisões são simples e automáticas, enquanto outras demandam maior reflexão e julgamento.
Na engenharia de software, essas escolhas se tornam ainda mais significativas. Cada decisão, seja na escolha de uma tecnologia, metodologia ou arquitetura, pode ter impactos profundos e duradouros. Mas aqui está algo que precisamos aceitar: nem todas as decisões são inteligentes. Assim como há escolhas que nos levam ao progresso e à eficiência, também existem aquelas que, por falta de reflexão ou compreensão, geram problemas ou atrasos.
Decisões Inteligentes Exigem Mais do que Conhecimento
O conhecimento técnico é essencial, mas não é suficiente para garantir decisões inteligentes. Saber usar uma linguagem de programação, um framework ou um padrão de design não significa que você saberá quando, como ou por que aplicá-los em uma situação específica. Na prática, decisões inteligentes exigem algo além de informação: elas exigem sabedoria.
E o que diferencia uma decisão inteligente de uma decisão equivocada? É a sabedoria que nos ajuda a considerar o contexto, avaliar as possibilidades e entender as consequências de cada escolha. Enquanto o conhecimento nos dá as ferramentas para agir, é a sabedoria que nos ensina a agir da melhor forma possível, no momento certo e pelo motivo certo.
Portanto, decidir é mais do que simplesmente escolher. É um processo que envolve reflexão, compreensão e, acima de tudo, a capacidade de considerar o impacto de nossas escolhas, tanto no presente quanto no futuro. O desafio, especialmente na engenharia de software, é transformar o conhecimento que adquirimos em decisões que realmente agreguem valor e criem soluções duradouras.4
O Papel da Sabedoria nas Decisões
O que diferencia uma decisão qualquer de uma decisão inteligente? A sabedoria. É ela que nos ajuda a enxergar além do óbvio, a considerar perspectivas que talvez não fossem evidentes à primeira vista e a compreender o contexto que envolve cada situação.
Sabedoria nos permite ver nuances onde o conhecimento enxerga respostas prontas. Ela nos guia a entender o que está em jogo, quem será impactado e como nossas escolhas podem beneficiar ou prejudicar o projeto, os envolvidos e até considerar o impacto na nossa vida e trabalho. Na engenharia de software, tomar decisões inteligentes significa escolher ferramentas, metodologias e arquiteturas que não apenas resolvam um problema, mas o façam de maneira clara, objetiva, com propósito, eficiente e sustentável.
Imagine um desenvolvedor que conhece todos os detalhes técnicos de microservices. Ele pode dizer como projetar APIs, gerenciar transações distribuídas, lidar com observabilidade e lidar com problemas de latência. Mas se esse desenvolvedor não entender o contexto do projeto — as necessidades da equipe, os recursos disponíveis, o contexto que o software se encontra, o nível de conhecimento do time e a complexidade adicional que microservices trazem — ele pode decidir implementar algo que, embora tecnicamente impressionante, não resolve o problema da maneira adequada.
Decisões inteligentes envolvem equilíbrio. Saber quando simplificar e quando investir em algo mais elaborado. Saber quando seguir padrões de mercado e quando se afastar deles.
Como a Sabedoria Molda Decisões
Enquanto o conhecimento nos dá ferramentas, a sabedoria nos ensina a usá-las da melhor forma possível. Ela responde perguntas como:
• Esse framework realmente atende às necessidades do projeto ou estamos apenas seguindo uma tendência?
• Essa abordagem complexa agrega valor ou estamos apenas complicando algo que poderia ser simples?
• Quem será impactado por essa decisão, agora e no futuro?
Decisões inteligentes são claras, ponderadas e, sempre que possível, beneficiam todas as partes envolvidas. Um desenvolvedor sábio sabe que o código escrito hoje pode ser o problema de manutenção de amanhã e faz escolhas para minimizar isso.
É importante destacar que a sabedoria nem sempre é óbvia, e muitos programadores se enganam sobre o que realmente significa ser sábio. Eles acreditam que sabedoria é apenas dominar uma ampla gama de conhecimentos, ter anos de experiência trabalhando com software ou parecer a pessoa mais inteligente na sala. Mas será que isso é verdade? Será que essa visão não está equivocada?
O que Alguns Programadores Acham que é Sabedoria — e Por que Estão Enganados
Muitos programadores acreditam que sabedoria está diretamente ligada ao tempo de experiência. É comum ouvir algo como: “Tenho 10-30 anos de experiência em desenvolvimento, então sei exatamente o que estou fazendo.” Mas será que isso é mesmo verdade? Será que a simples passagem do tempo garante sabedoria? A realidade é que anos de experiência podem, sim, acumular conhecimento, mas isso não significa automaticamente que eles geram sabedoria. Vou tentar explicar isso com alguns exemplos.
A Experiência que Não Agrega Valor
Pense nisso: alguém pode passar 10 anos repetindo o mesmo erro, ou trabalhando no mesmo tipo de projeto, sem nunca refletir sobre o que poderia fazer de forma diferente para melhorar e nem considera aprender com seus erros. Essa pessoa tem 10 anos de experiência ou 1 ano repetido 10 vezes? A experiência, sem reflexão, sem aprendizado, é apenas rotina. Sabedoria não vem da quantidade de anos trabalhados, mas da qualidade das lições aprendidas ao longo desses anos.5
Por outro lado, há desenvolvedores mais jovens que demonstram uma clareza e visão impressionantes. Como isso é possível? Porque sabedoria está ligada à humildade para aprender, questionar e aceitar feedback. Esses programadores têm a coragem de admitir o que não sabem, aprendem com os erros dos outros e com seus próprios erros, e buscam entender profundamente o impacto de suas decisões. Eles não estão presos à ideia de que “tempo de casa” é a medida da competência ou que o conhecimento técnico deles ao longo dos anos é incrível, soberano e melhor do que outros.
A Experiência Ajuda a Moldar a Sabedoria, Mas Não a Define
A experiência é, sem dúvida, uma peça importante no desenvolvimento da sabedoria. Ela nos expõe a diferentes situações, desafios e contextos que podem nos ensinar muito. No entanto, a experiência, por si só, não é suficiente para garantir decisões sábias. Afinal, você certamente já conheceu pessoas com muitos anos de experiência que, mesmo assim, tomam decisões precipitadas, ilógicas ou que afetam outros de forma negativa, direta ou indiretamente.
Pare e reflita: as decisões de alguém podem ser consideradas inteligentes se prejudicam outras pessoas de alguma forma? A sabedoria vai além do simples ato de tomar decisões com base em anos de prática. Ela envolve considerar o impacto dessas escolhas no todo.
Decisões sábias não prejudicam outras pessoas ou uma corporação porque alguém sábio pensa antes de agir, antes de falar (sobre isso por favor leia a nota)6. Uma pessoa sábia sabe que opiniões de outras pessoas precisam ser ouvidas e consideradas, mesmo que não estejam alinhadas com as suas próprias. Ela entende que o diálogo é parte essencial de qualquer processo decisório e sabe como defender sua experiência e perspectiva de forma clara e respeitosa, sem menosprezar os outros.
Acima de tudo, alguém que realmente aprendeu com suas experiências reconhece que seu ponto de vista nem sempre é o mais correto. A sabedoria está em saber quando insistir e quando recuar porque sua solução não é a melhor. Uma pessoa sábia sabe se colocar no seu próprio lugar quando necessário — antes que outros precisem fazer isso por ela.
Essa habilidade de avaliar o impacto, considerar perspectivas e agir com respeito faz toda a diferença. Sabedoria não é sobre sempre estar certo, mas sobre agir de forma que beneficie a todos, mesmo quando sua visão precisa ser ajustada. Afinal, as decisões que realmente importam são aquelas que constroem, não aquelas que derrubam.
Por Que Anos de Experiência Não São Sinônimo de Sabedoria?
Ter experiência significa que você já vivenciou várias situações, mas isso não garante que você tenha aprendido ou refletido sobre elas. Pessoas podem passar anos repetindo os mesmos erros, sem nunca parar para analisar o que poderiam fazer de forma diferente. Em vez disso, elas seguem no piloto automático, tomando decisões baseadas em hábitos ou preferências pessoais, sem considerar o contexto ou os fatos.7
Uma História para Refletir
Vou contar uma história rápida. Um time de desenvolvedores estava debatendo qual tecnologia usar em um novo projeto. O líder da equipe, com 15 anos de experiência, insistia em usar um framework que ele já conhecia bem, argumentando que sua experiência provava que era a escolha certa. Um desenvolvedor mais jovem, com apenas dois anos na área, sugeriu um framework mais moderno, explicando com clareza por que ele se encaixava melhor nas necessidades do projeto: era mais simples, mais eficiente e atenderia às demandas futuras com maior flexibilidade.
O líder ignorou a sugestão, dizendo que o jovem não tinha “tempo suficiente” na área para entender o impacto real. Meses depois, o framework escolhido revelou-se inadequado, gerando impactos na performance do sistema. O jovem desenvolvedor, que havia estudado o problema com profundidade e sem estar apegado a uma solução específica, estava certo o tempo todo, MESMO SEM O MESMO TEMPO DE EXPERIENCIA QUE O TIME SÊNIOR!8
Moral da história? Sabedoria não está apenas no tempo que você passou na área, mas no quanto você aprendeu, refletiu, ajudou outros e aplicou nesse tempo. E, principalmente, na sua humildade para ouvir e considerar outras perspectivas.
Por Que Experiência Sozinha Não Garante Sabedoria?
A experiência, sem reflexão e aprendizado, é como caminhar em círculos: você pode estar em movimento, mas não está realmente avançando. Assim, a experiência é uma ferramenta poderosa para adquirir sabedoria, mas o que fazemos com essa experiência é o que realmente importa.
Sabedoria não é sobre quanto tempo você passou fazendo algo, mas sobre o quanto você aprendeu durante esse tempo. Afinal você pode ter passado anos fazendo algo, mas sempre seguindo uma linha de raciocínio sem explorar novas soluções.
Considere isso: Quantas vezes você viu alguém experiente ignorar a opinião de colegas, tomar decisões impulsivas ou resistir a mudanças simplesmente porque “sempre fizemos assim”? Essas atitudes mostram que a experiência acumulada não foi acompanhada de humildade, da adaptação e do bom julgamento.
O Papel da Humildade na Sabedoria
A sabedoria está profundamente conectada à humildade. Um desenvolvedor sábio reconhece que:
• Não sabe tudo — e nunca saberá.
• Sempre pode aprender algo novo, até mesmo de pessoas mais jovens ou inexperientes.
• Admitir erros e mudar de direção é um sinal de força, não de fraqueza.
Quando achamos que já sabemos tudo, nos fechamos para o aprendizado e corremos o risco de tomar decisões baseadas em ego, não em dados, necessidades dos clientes ou contexto.
A sabedoria é humilde porque entende que o conhecimento é infinito, e sempre há algo mais a aprender.
O Que Sabedoria Realmente Significa
Alguns programadores acreditam que ser sábio é dominar todas as linguagens, frameworks e metodologias. Mas isso é apenas conhecimento técnico, e conhecimento, por si só, não define sabedoria. A sabedoria vai além. Ela está em saber quando e como usar essas ferramentas. Em tomar decisões que equilibram as necessidades do presente com as consequências no futuro. Em ser humilde o suficiente para ouvir, aprender e adaptar-se, mesmo quando você acredita que já sabe a resposta.
Já mencionamos anteriormente a frase:
“Conhecimento é saber que tomate é uma fruta. Sabedoria é saber não colocá-lo em uma salada de frutas” — Brian O’Driscoll.
Agora você realmente entende o que essa frase quer dizer?
Pense que hoje à noite você decidiu fazer uma salada de frutas. Você vai ao mercado, escolhe as frutas mais frescas, corta bananas, maçãs, laranjas e, de repente, se depara com tomates. Você sabe que tomates são frutas. Afinal, esse é o conhecimento que você adquiriu. Mas pergunte-se: devo colocá-los na salada de frutas? Por que não?
A resposta é simples: porque o tomate, embora tecnicamente uma fruta, não faz sentido nesse contexto. Ele tem um sabor, textura e uso culinário que não se harmonizam com o objetivo da sua salada. Saber que é uma fruta é um fato técnico. Saber que ele não pertence à sua salada de frutas é uma decisão inteligente, guiada pela sabedoria.
Essa é uma comparação perfeita para o que acontece na engenharia de software. Um framework, uma tecnologia ou uma metodologia pode ser a “fruta” no mundo do desenvolvimento. Conhecer seus detalhes e características é importante — esse é o conhecimento técnico. Mas a sabedoria está em saber se ela deve ser usada, quando ela deve ser usada e como aplicá-la ao problema específico.
Sem sabedoria, um desenvolvedor pode simplesmente incluir tecnologias ou práticas no projeto porque “parece uma boa ideia” ou porque ele as conhece bem. Mas será que elas fazem sentido para o contexto? Assim como o tomate, elas podem ser tecnicamente corretas, mas, se aplicadas de maneira inadequada, prejudicam o resultado final.
Legal, conversamos bastante sobre o que sabedoria realmente significa e por que ela não depende de tempo ou status, surge uma pergunta natural: como podemos desenvolvê-la? Será que um desenvolvedor júnior pode desenvolver sabedoria também? Vamos concluir esse artigo com esses pontos!
Como Desenvolver Sabedoria como Engenheiro de Software
Chegamos a um ponto importante neste artigo: como podemos desenvolver sabedoria na engenharia de software? Afinal, sabedoria não é algo que simplesmente surge com o tempo ou com o número de projetos em que trabalhamos. É um processo contínuo de aprendizado, reflexão e prática.
Transformando Conhecimento em Sabedoria
O primeiro passo para transformar conhecimento em sabedoria é entender que conhecimento é apenas o ponto de partida. Aprender novas tecnologias, frameworks ou metodologias é essencial, mas não é suficiente. A sabedoria vem de saber aplicar esse conhecimento no contexto certo, no momento certo, e de uma forma que beneficie todas as partes envolvidas. Para isso, algumas práticas podem ajudar:
1. Aprenda com os Erros — Seus e dos Outros
• Você já errou em um projeto? Isso é ótimo, porque erros são professores incríveis. Mas aprender com eles exige reflexão. Pergunte-se: o que deu errado? Por que deu errado? Como posso evitar esse erro no futuro?
• Da mesma forma, observe os erros dos outros. Um desenvolvedor sábio não precisa aprender tudo na prática; ele aprende muito apenas observando.
2. Busque Feedback
• Feedback é uma ferramenta poderosa para refinar a sabedoria. Pergunte a colegas mais experientes sobre suas decisões: “Você faria diferente? Por quê?”
• Mais importante ainda, esteja disposto a ouvir críticas construtivas que são focadas em te tornar um profissional melhor (uma pessoa melhor). A sabedoria está ligada à humildade, e aceitar que você não sabe tudo é um grande passo para crescer. E é claro que você pode parar, analisar e meditar como aplicar aquele feedback no seu dia a dia.
3. Priorize o Impacto no Mundo Real
• Quando estiver trabalhando em um projeto, pergunte-se: “Essa decisão realmente agrega valor? Ela resolve o problema do usuário ou apenas satisfaz meu ego técnico?”
• Sabedoria é focar no que importa — não no que é mais interessante ou no que parece impressionante.
A Comunicação Refina a Sabedoria
Um dos aspectos mais subestimados da sabedoria é a comunicação. Você consegue explicar uma ideia técnica de forma clara e simples? Isso é mais difícil do que parece, mas é um sinal de compreensão profunda.
• Pratique o que Richard Feynman recomendava: explique conceitos como se estivesse falando com uma criança de 9 anos. Isso força você a entender o essencial, cortando a complexidade desnecessária.
• Use a comunicação como uma oportunidade para refinar sua sabedoria. Quando você explica algo, percebe lacunas no seu entendimento, e isso o força a buscar mais clareza.
Pare, Foque e Entenda Antes de Avançar
Muitas vezes, a pressa em aprender tudo de uma vez nos leva a acumular conhecimento superficial. Um desenvolvedor sábio entende que focar em algo específico, estudar profundamente e dominar aquilo antes de avançar para o próximo passo é muito mais eficaz.
• Por exemplo, ao aprender um novo framework, resista à tentação de pular de tutorial em tutorial. Escolha um projeto pequeno, mergulhe nas documentações e realmente entenda como ele funciona no mundo real. Isso demonstra sabedoria porque você priorizou profundidade em vez de quantidade.
E Quanto aos Desenvolvedores Júnior?
Você é um desenvolvedor júnior? Então, tenho uma ótima notícia para você: você também pode tomar decisões sábias. A sabedoria não está restrita a quem tem muitos anos de experiência. Ela pode ser cultivada em qualquer estágio da carreira. Veja como:
1. Consulte Engenheiros Mais Experientes
• Um desenvolvedor sábio sabe que consultar outros engenheiros é uma forma de aprender sem cometer erros desnecessários. Pergunte, escute e observe como eles tomam decisões.
2. Aprenda com as Experiências dos Outros
• Você não precisa falhar para aprender. Pergunte a colegas sobre problemas que enfrentaram em projetos anteriores. Quais decisões funcionaram? Quais não funcionaram? Por quê? Use essas histórias para construir sua própria sabedoria.
3. Seja Humilde, Mas Saiba se Posicionar
• Humildade é essencial para a sabedoria, mas isso não significa que você deve ser passivo. Quando você tem uma ideia ou vê algo que poderia ser melhorado, expresse sua opinião com respeito e base. Não tenha medo de falar, mas certifique-se de que está fundamentado em dados ou lógica.
Um desenvolvedor júnior que é humilde o suficiente para aprender, corajoso o suficiente para se posicionar e sábio o suficiente para buscar conselhos está no caminho certo para decisões inteligentes.
Resumo de tudo o que conversamos!
Sabedoria é algo que todos podem desenvolver, independentemente do tempo ou status. É sobre aprender com os erros, buscar feedback, entender o contexto e, acima de tudo, agir com humildade e reflexão. Lembre-se: o código que você escreve hoje é o legado que deixa para amanhã. A sabedoria ajuda você a construir algo mais do que código funcional — ela permite criar soluções que realmente agregam valor.
Conversamos sobre como a experiência é valiosa, mas apenas se você fizer com que ela valha a pena. Isso significa usar cada desafio, cada erro e cada sucesso como uma oportunidade de aprendizado. Todos os dias, você deve refletir sobre suas experiências, considerar o contexto e os fatos antes de agir. Dessa forma, você transforma a experiência acumulada em um verdadeiro alicerce para a sabedoria.
Como Albert Einstein disse:
“A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio, você deve continuar se movendo.”
Da mesma forma, sabedoria não é algo que simplesmente acumulamos e guardamos; ela precisa ser construída continuamente, com aprendizado e reflexão. Assim, sua experiência não será apenas um número no currículo, mas uma fonte real de decisões sábias e equilibradas.
Então, fica a reflexão: Estou apenas usando meu conhecimento ou estou aplicando sabedoria? Essa resposta é o que diferencia desenvolvedores bons de desenvolvedores excepcionais.
Agora, talvez alguém possa estar pensando: “Escrever sobre isso é fácil, mas colocar em prática é difícil.” E a verdade é que não, não é difícil. Se você já possui o conhecimento técnico e outras habilidades fundamentais, talvez esteja faltando apenas uma coisa: humildade.
A sabedoria não é algo inalcançável. Ela começa com pequenos passos: um momento de reflexão após um erro, uma conversa para buscar feedback, ou um esforço consciente para simplificar uma explicação complexa. Tudo isso está ao seu alcance.
Mas a humildade é necessária. Sem ela, você corre o risco de sempre pensar e concluir que não precisa melhorar, que é superior a outros programadores, o que pode te cegar para os aprendizados mais valiosos.
Se vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes. - Isaac Newton
Na engenharia de software, isso significa reconhecer que sempre há algo a aprender, inclusive com a ajuda de outros, que você não tem todas as respostas e que pode se beneficiar das perspectivas dos outros. Bill Gates também capturou essa ideia ao dizer:
“O sucesso é um péssimo professor. Ele seduz pessoas inteligentes a pensar que não podem perder.”
A humildade te mantém aberto ao aprendizado, e é esse aprendizado contínuo que alimenta a sabedoria.
Reconhecer que todos, independentemente de experiência, têm algo a ensinar e a aprender é o que separa um bom programador de um grande programador. Quando você deixa a superioridade de lado, abre espaço para o crescimento genuíno e para decisões verdadeiramente sábias.
Eu agradeço DE CORAÇÃO você ter lido até o final! Grande abraço! ❤️
Overengineering é o ato de criar uma solução mais complexa do que o necessário para resolver um problema. Na engenharia de software, isso acontece quando um desenvolvedor ou equipe implementa funcionalidades, padrões ou arquiteturas que excedem as necessidades reais do projeto.
Richard Feynman (1918–1988) foi um físico teórico americano e um dos mais brilhantes cientistas do século XX. Ele é amplamente reconhecido por seu trabalho na eletrodinâmica quântica (QED), que descreve como partículas subatômicas interagem com a luz.
Feynman desenvolveu os famosos Diagramas de Feynman, uma ferramenta visual revolucionária que simplifica cálculos complexos em física quântica. Por suas contribuições à QED, ele recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1965.
Além disso, Feynman era conhecido por sua habilidade de ensinar e comunicar ciência de forma clara e acessível, inspirando gerações de cientistas e leigos com suas palestras e livros, como “Surely You’re Joking, Mr. Feynman!”.
Ao mencionar a importância de explicar algo de forma simples e clara, não quero dizer que assuntos complexos são fáceis de transmitir. O que isso significa é que, mesmo temas mais desafiadores podem ser explicados de maneira compreensível quando divididos em etapas ou partes menores. Quando alguém possui tanto conhecimento quanto sabedoria, sabe adaptar sua comunicação ao público, transmitindo informações de forma que os ouvintes consigam acompanhar e entender, sem perder o essencial. Isso não simplifica o tema, mas torna sua explicação acessível.
Decisões inteligentes são como contar uma boa piada: não basta saber a piada, você precisa entender o momento certo para contá-la e como contar.
Da mesma forma, na prática, ter informação não é suficiente. Uma pessoa pode ter uma informação relevante, mas se ela não souber o momento ou a forma correta de comunicá-la ou aplicá-la, essa informação pode perder o impacto, causar confusão ou até prejudicar os outros. É a sabedoria que nos guia para alinhar o o que sabemos com o quando e como usar esse conhecimento de forma eficaz.
É importante destacar que, ao mencionar que experiência nem sempre é sinônimo de sabedoria, não estou sugerindo que a experiência seja inútil. Pelo contrário, existem muitos programadores com anos de experiência que demonstram sabedoria em suas decisões e na forma como abordam problemas. A experiência, quando acompanhada de reflexão, aprendizado contínuo e humildade, é uma poderosa aliada no desenvolvimento da sabedoria. O ponto central aqui é que o tempo, por si só, não é garantia de sabedoria; é o que fazemos com esse tempo que realmente importa.
É verdade que algumas decisões podem, inevitavelmente, ter impactos negativos para algumas pessoas — seja devido a circunstâncias fora do controle, limitações de recursos ou a necessidade de escolhas difíceis. No entanto, o ponto aqui é outro: decisões sábias não afetam negativamente outras pessoas de forma desnecessária ou irresponsável.
Uma pessoa sábia pensa antes de agir ou falar para minimizar impactos negativos sempre que possível. Ela avalia o contexto, considera os diferentes pontos de vista, traz isso para a equipe e gestão e busca o caminho que causa menos prejuízo ou que oferece o maior benefício coletivo. Quando um impacto negativo é inevitável, a sabedoria está em comunicar isso com clareza, transparência e respeito, de forma que todos compreendam a razão por trás da decisão.
O que quis dizer é que uma decisão sábia não é tomada de forma impulsiva ou negligente. Alguém sábio considera o impacto de suas escolhas e age com responsabilidade, pensando no bem-estar e na dignidade de todos os envolvidos. O objetivo aqui não é dizer que decisões nunca têm consequências, mas destacar que sabedoria é evitar causar prejuízos que poderiam ser evitados com reflexão e consideração.
Sem reflexão, a experiência é apenas uma memória vazia. A reflexão nos força a recuar de nossas experiências e avaliar seu valor. Ao fazer isso, podemos dar sentido às nossas experiências e aprender as lições e verdades ocultas que elas oferecem. A reflexão molda nossas emoções e experiências em conhecimento que podemos aplicar em experiências futuras.
Isso aconteceu comigo 😂, sugeri a adoção do Redis para cachear informações que precisavam ser armazenadas por alguns minutos em um site de notícias. O Redis é uma ferramenta eficiente para cache em memória, permitindo acesso rápido a dados frequentemente utilizados.
No entanto, a equipe optou por não adotar essa solução, pois ninguém estava disposto a estudar a ferramenta. Em vez disso, continuaram utilizando uma abordagem mais antiga para cachear dados, baseada em arquivos temporários no sistema de arquivos do servidor. Essa técnica, embora funcional, não oferece a mesma eficiência e velocidade que soluções modernas de cache em memória, como o Redis.